A “Festa da Firma” Rubro-Negra Invade o Interior Paulista (Resenha sincera de um Vascaíno)

Bruno Goulart

Rapaz, que ano… Que ano difícil pra quem não veste rubro-negro no Rio de Janeiro. A gente tenta, a gente torce contra, a gente acende vela, faz promessa, mas parece que os caras ativaram o modo “cheat code” da vida real e esqueceram de desligar.

Estamos chegando no final de 2025 e o cenário é aquele filme de terror que a gente já viu passar algumas vezes nos últimos anos, só que agora com requintes de crueldade. O Flamengo não só ganhou tudo de novo, como ganhou sobrando.

O Contexto: O “Rolê Aleatório” que Virou Volta Olímpica

Vamos ser honestos aqui na nossa roda de amigos: o jogo contra o Mirassol, neste sábado, às 18h30, não vale absolutamente nada em termos de tabela para o Flamengo. Zero. Niente.

Os caras acabaram de levantar a taça da Libertadores 2025 (ai, meu coração…) numa campanha que, vamos admitir entre dentes, foi irritantemente sólida. E como se não bastasse dominar o continente, eles resolveram liquidar a fatura do Brasileirão com antecedência. Aquele 1 a 0 magrinho contra o Ceará na última rodada foi a pá de cal. Campeões brasileiros antecipados. De novo.

O curioso é que a festa, que normalmente seria no Maracanã lotado, vai ter que ser “on tour”. O Flamengo pega o ônibus (ou o jatinho fretado, né, porque dinheiro não falta) e vai lá pro interior de São Paulo, na casa do Mirassol, pra pegar a taça.

Vai ser aquela cena típica: o estádio pequeno, acanhado, mas que vai estar lotado. Metade torcida local querendo ver os craques de perto, metade flamenguista da região que pagou uma fortuna no ingresso pra ver o time campeão. É a famosa “festa da firma” num local inusitado.

Pro Mirassol, é o jogo do ano. É a chance de receber o bicampeão da América, o campeão brasileiro, na sua casa. Eles vão tentar fazer bonito, não passar vergonha e, quem sabe, aprontar uma zebra histórica pra estragar o chopp da festa. Mas a missão é ingrata demais.

Filipe Luís: O “Professor” que Jogava de Terno (Que Raiva!)

Agora, vamos falar de um ponto que me irrita profundamente, mas que a minha veia de analista precisa reconhecer. A gente sabia que isso ia acontecer, né?

Filipe Luís. O cara, como lateral-esquerdo, já era chato de tão inteligente. Parecia que ele jogava xadrez enquanto os outros jogavam damas. Ele não corria errado, antecipava tudo, tinha uma leitura de jogo que poucos na história da posição tiveram. Era o famoso jogador que “jogava de terno”.

Aí o cara aposenta e vira técnico. E o que acontece? O óbvio. Ele pegou toda aquela inteligência tática que tinha dentro das quatro linhas e levou pra área técnica. É revoltante para um rival admitir isso, mas o trabalho dele é espetacular.

Ele conseguiu pegar um elenco que já era milionário, cheio de ego e craque por metro quadrado, e fazer os caras jogarem bola com fome. O time do Filipe Luís não é só um amontoado de talentos; é organizado, tem variação tática, sabe se defender com a bola no pé e quando acelera, atropela.

A gestão de grupo que ele faz, conhecendo o vestiário como ex-jogador, talvez seja o maior trunfo. Ele fala a língua dos caras. E taticamente, ele conseguiu modernizar ainda mais o jogo da equipe. É um time que te sufoca, que não te deixa respirar e que, quando tem a chance, mata o jogo com uma frieza que assusta. Mérito total do “professor” (que ódio ter que chamar ele assim).

O Abismo Financeiro: A Covardia dos Números

Mas amigos, vamos ao ponto central dessa nossa resenha chorada. O que faz esse time ser tão dominante, a ponto de ir pro interior de SP só pra pegar taça? É só o técnico? São só os jogadores? Não. É a grana. É o poderio econômico absurdo que eles construíram.

Olhar para o banco de reservas do Flamengo hoje é um exercício de masoquismo para qualquer outro torcedor no Brasil. Os caras têm no banco jogadores que seriam titulares absolutos, camisas 10, capitães e donos do time em 18 dos 20 clubes da Série A (incluindo o meu Vascão, infelizmente).

Eles se dão ao luxo de contratar craque europeu pra compor elenco. Se um titular machuca, entra outro do mesmo nível ou até melhor. Não tem queda de rendimento. É um elenco montado com um orçamento que parece PIB de pequeno país.

Essa disparidade financeira cria um abismo técnico dentro de campo. O jogo contra o Mirassol é o retrato perfeito disso. O orçamento anual do Mirassol inteiro talvez não pague três meses de salário de um dos atacantes reservas do Flamengo. Como é que compete? Não compete. É uma luta de boxe onde um lado tá com luva de ferro e o outro tá com as mãos amarradas nas costas.

Eles geram receita de tudo quanto é lado. Virou uma bola de neve. Quanto mais ganham, mais dinheiro entra, mais time eles montam, e mais ganham de novo. É um ciclo vicioso pro resto do futebol brasileiro e virtuoso pra eles.

O Jogo em Si: Festa, Sim, Mas Com Cara de “Jogo-Treino” de Luxo

Dito tudo isso, o que a gente pode esperar dos 90 minutos de bola rolando no estádio do Mirassol, nesse sabadão às 18h30?

Sinceramente? Vai ser um jogo com uma atmosfera muito particular. É um clima de festa, de amistoso de luxo, mas com um tempero especial: o Mirassol não é bobo e também tem seus objetivos.

O Flamengo entra leve, solto, sem a pressão do resultado. E time bom, quando joga leve, costuma ser letal. Filipe Luís deve rodar o elenco, dar moral pra quem jogou menos, tipo o “time B” que seria titular em qualquer outro lugar. Eles vão querer dar espetáculo, tentar a jogada de efeito, mas sem a faca nos dentes de uma final. É o famoso “jogo das estrelas” valendo três pontos.

Mas aí que mora o perigo (e a graça do jogo). O Mirassol não fez essa campanha histórica à toa. O time tá classificado pra Libertadores, tá com a confiança lá em cima e vai querer mostrar serviço contra o campeão de tudo. Não espere um time retrancado rezando pra não levar goleada. Eles vão tentar jogar, explorar os espaços que um Flamengo “em ritmo de festa” pode deixar e, quem sabe, carimbar a faixa do campeão.

A motivação do Mirassol é diferente: é a honra, é mostrar que a campanha não foi sorte e, claro, é encher o cofre com a bilheteria recorde que esse jogo vai gerar. A diferença técnica é absurda, sim, mas o Mirassol vai vender caro a derrota. Não vai ser entregue de bandeja, não. Vai ser aquele “jogo-treino” de luxo onde um time quer dar show e o outro quer estragar a festa. Tem tudo pra ser, no mínimo, curioso.

Conclusão da Resenha (E o meu desabafo)

Meus amigos, a verdade dói, mas precisa ser dita: a gente tá vivendo uma era muito chata do futebol brasileiro, onde um ou dois times (mas principalmente o nosso rival) descolaram do resto.

Pra gente que tá do outro lado do muro, vestindo a Cruz de Malta, resta aquela esperança teimosa de que o futebol é cíclico. Que uma hora a gestão deles vai errar a mão, que o dinheiro vai ser mal gasto, que a soberba vai derrubar. Mas, olhando friamente hoje, no final de 2025, com Filipe Luís no comando e esse caminhão de dinheiro entrando, parece que esse ciclo vai demorar pra fechar.

Sábado, às 18h30, eu vou fazer o que todo vascaíno sensato deveria fazer: achar qualquer outra coisa pra fazer. Porque assistir a essa “festa da firma” no interior, vendo a disparidade técnica e financeira esfregada na nossa cara com direito a taça no final… ah, meu amigo, aí já é tortura demais pra esse coração cruzmaltino.

Que venha 2026, porque 2025 já deu. E que São Januário nos proteja. Saudações (sofridas) vascaínas.

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