Por Bruno Goulart | Categoria: Só Lendas, Craques do Passado | Tempo de leitura: 6 min
Fala, boleirada nostálgica! Ajeita a postura na cadeira e prepara o coração, porque hoje a nossa máquina do tempo aqui no Bora Jogador vai pousar direto na década de 1990.
Ah, os anos 90… época de camisas de goleiro coloridas e espalhafatosas (que a gente adorava!), de chuteiras pretas clássicas e de um futebol italiano que era, sem dúvida nenhuma, a Hollywood da bola. E se a Série A era o palco principal, o nosso personagem de hoje era um dos protagonistas que fechavam o gol com estilo, carisma e momentos de puro drama.
Estamos falando de Gianluca Pagliuca. Se você viveu a Copa de 94, só de ouvir esse nome já vem um filme na cabeça. Se você é mais novo, senta aí que você precisa conhecer a história desse paredão italiano que, entre uma defesa milagrosa e outra, protagonizou cenas icônicas de alívio e desespero na história dos Mundiais.
Bora pra resenha desse ícone que vestiu camisas pesadíssimas e deixou sua marca na história do Calcio!
Copa de 94: O Drama, o Beijo e o Susto que Parou o Coração na Final
Não tem como começar a falar de Pagliuca sem ir direto para o verão americano de 1994. Para nós, brasileiros, aquela Copa tem o sabor doce do tetra. Para os italianos, é um roteiro de filme de suspense que terminou em tragédia grega nos pênaltis.
Pagliuca chegou nos Estados Unidos como o dono absoluto da camisa 1 da Azzurra. Ele era o cara. Mas o início foi um pesadelo. No segundo jogo da fase de grupos, contra a Noruega, ele saiu do gol de forma estabanada, meteu a mão na bola fora da área e… vermelho direto. Pagliuca entrou para a história (negativamente) como o primeiro goleiro a ser expulso em uma Copa do Mundo.
O Beijo na Trave contra o México
A Itália penou, mas passou de fase. Pagliuca voltou e, ainda na fase de grupos, no jogo tenso contra o México, protagonizou sua cena mais famosa. O jogo estava 1 a 1. Marcelino Bernal solta um canudo de fora da área. A bola faz uma curva venenosa. Pagliuca voa, mas não chega.
CABUM! A bola explode na trave direita e volta para as mãos do goleiro. O que Pagliuca fez em seguida foi puro instinto e alívio: se levantou, olhou para a trave e lascou um beijo estalado no poste. A imagem rodou o mundo e virou símbolo da sorte italiana.
O Quase-Frango na Final contra o Brasil
Mas a sorte e o drama voltariam na grande final, no sol escaldante de Pasadena, contra o Brasil. O jogo foi truncado, tenso, 0 a 0 no tempo normal. Veio a prorrogação.
Em um lance que parecia controlado, Mauro Silva arriscou um chute forte, mas defensável, de fora da área. Pagliuca foi para a bola, mas ela veio com um efeito estranho. Ele tentou segurar firme, mas a bola “ensaboada” escapou de suas luvas, quicou no gramado traiçoeiro e foi mansamente em direção ao gol.
O estádio prendeu a respiração. O Brasil inteiro já se preparava para gritar gol. Pagliuca, desesperado, se virou e viu a bola beijar a trave direita (de novo ela!) e voltar, milagrosamente, para os seus braços. O alívio no rosto dele era visível. Foi um dos maiores “quase” da história das Copas, um susto que nenhum torcedor jamais esqueceu.
Nos pênaltis, Pagliuca até pegou a cobrança de Márcio Santos, mas Baggio isolou a última bola e o Brasil foi tetra. Pagliuca, no entanto, saiu daquela Copa com sua imagem marcada para sempre por esses momentos de pura tensão.
A Sampdoria Mágica: Onde Tudo Começou
Mas a carreira do Pagliuca não se resume a 1994. Muito antes disso, ele já estava fazendo história no futebol italiano. Ele foi a muralha de um dos times mais “cults” e amados da história: a Sampdoria do final dos anos 80 e início dos 90.
Meu amigo, que timaço era aquele! Pagliuca no gol, Vierchowod na zaga e, lá na frente, a dupla de ataque mais “rock and roll” da época: Gianluca Vialli e Roberto Mancini. Era um time que jogava um futebol bonito, ofensivo e que não tinha medo de cara feia.
Com essa Sampdoria mágica, Pagliuca conquistou o inimaginável: o Scudetto (Campeonato Italiano) na temporada 1990-91, desbancando o Milan de Van Basten, o Napoli de Maradona e a Inter de Matthäus. Foi um feito histórico, tipo um Leicester City, só que com mais grife.
Eles quase levaram a Europa também. Chegaram à final da Liga dos Campeões em 1992, em Wembley. Pagliuca fechou o gol o jogo todo, mas na prorrogação, um tal de Ronald Koeman acertou uma falta da intermediária que deu o título ao Barcelona. A Samp perdeu, mas aquele time ficou eternizado.
Inter de Milão: Fechando o Gol na Era Fenômeno
Em 1994, depois da Copa, Pagliuca deu um salto gigante e assinou com a poderosa Inter de Milão. Em Milão, ele viveu a era de ouro do Calcio e, a partir de 1997, teve como companheiro ninguém menos que Ronaldo Fenômeno, no auge.
Pagliuca foi o pilar defensivo daquela equipe. O ponto alto foi a conquista da Copa da UEFA na temporada 1997-98. Numa final italiana contra a Lazio, em Paris, a Inter deu um show: 3 a 0, com gol antológico do Fenômeno. Pagliuca foi o capitão e levantou a taça. Um gigante no meio de gigantes.
O Bom Filho à Casa Torna (e um Detalhe Curioso!)
Depois de brilhar na Inter, Pagliuca voltou para casa em 1999, assinando com o Bologna, time da sua cidade natal. Jogou em altíssimo nível por sete temporadas, até os quase 40 anos, quebrando recordes de partidas na Série A.
O Detalhe que Você Não Sabia: A Paixão pela Bola… Laranja!
Agora, um detalhe da vida pessoal do nosso paredão que pouca gente sabe. Você acha que o Pagliuca só respirava futebol? Errado!
Gianluca Pagliuca é um fanático doente por basquete. Ele é um tifoso roxo do Virtus Bologna, um dos times de basquete mais tradicionais da Europa. Durante sua carreira, era comum vê-lo na arquibancada, no meio da galera, vibrando com as cestas de três pontos. Ele dizia que a adrenalina do basquete chegava a ser maior do que em alguns jogos de futebol!
O Legado de um Gigante
Gianluca Pagliuca foi mais do que um grande goleiro. Ele foi um símbolo de uma era dourada do futebol italiano. Tinha estilo, personalidade e crescia em jogo grande.
Seja pela camisa colorida da Sampdoria, pelas defesas na Inter ao lado do Fenômeno, pelo beijo apaixonado na trave ou pelo susto que nos deu na final da Copa de 94, Pagliuca tem lugar cativo no panteão dos maiores da posição. Uma verdadeira Lenda que merece toda a nossa reverência aqui no Bora Jogador.
E aí, boleiro, você lembra desse lance na final da Copa? O coração parou aí também? Solta o verbo nos comentários!
Nosso Dicionário Boleiro:
- Calcio: Como é conhecido o futebol italiano.
- Scudetto: O título do Campeonato Italiano (Série A).
- Azzurra: Apelido da Seleção Italiana.
- Tifoso: Torcedor fanático em italiano.





